Princesa do Sul repassa custos com gratuidade a entidades filantrópicas aos usuários do transporte, aponta estudos do vereador Maurício Tutty
“Se a
empresa disse que pratica a gratuidade há mais de oito anos, se tem
responsabilidade social, por que na planilha que informou ao MP, ela inclui o
transporte gratuito na base de calculo para definir o preço da tarifa?”
O
transporte coletivo parece já ser pauta encerrada para os parlamentares de
Pouso Alegre, mas o vereador Maurício Tutty, ainda insatisfeito com a qualidade
dos serviços e a gestão da única empresa que os desempenha, acredita que a
discussão está longe de um desfecho favorável. Em seu discurso na tribuna, ele
recordou os últimos acontecimentos em torno da questão e, após confrontar
documentações, voltou a desmentir a empresa a respeito da gratuidade do
transporte a entidades filantrópicas que, na prática, segundo ele, não
acontece.
“(...)
Quero trazer a questão do transporte que, mais uma vez, [a empresa] deu
demonstração que sua gestão não é eficiente. (...) É de ciência de muitos que,
na semana passada, esse vereador discorreu sobre a retaliação social praticada
pela Princesa do Sul (...) e dois dias depois, o diretor cedeu às pressões”,
iniciou, lembrando a sessão anterior, quando anunciou
sua luta em favor do fim do contrato com a empresa e
às ações
que seriam promovidas pelo Coletivo Pouso Alegre
(CPA).
Em
seguida, pontuou: “Mas eu não fiquei satisfeito e tenho certeza que o Coletivo
também não, porque não gostaria que tudo fosse tomado por pressões populares, o
que é lastimável em pleno século XXI”. E, relembrando a reunião
do diretor da empresa com a Mesa Diretora, acusou: “ele não usou da verdade, porque disse que
apenas teria informado a instituição e o museu que estava fazendo estudos,
diferente dos ofícios que encaminhou à entidade e à Casa, em que diz que há
contingenciamento de despesas. Ele veio aqui e não disse totalmente a verdade”,
insistiu.
Amparado
por um verdadeiro dossiê que trazia consigo, contendo o parecer
técnico-contábil do Ministério Público permitindo o aumento da tarifa, a
planilha de custos da empresa de transporte e os ofícios que suspendiam o
atendimento filantrópico, Maurício Tutty propôs uma reflexão. “(...) se essa
empresa disse que pratica a gratuidade há mais de oito anos, se tem
responsabilidade social com a cidade, por que na planilha que informou ao MP,
ela inclui o transporte gratuito na base de cálculo para definir o preço da
tarifa?”, questionou.
Em
estudos paralelos, com base em dados da Associação Nacional das Empresas de
Transportes Urbanos, o vereador verificou que um dos grandes problemas do alto
valor das tarifas é o rateio de serviços gratuitos. Em tom mais categórico,
Maurício Tutty indagou: “Então eu pergunto (...); vocês, de verdade, são
responsáveis socialmente? Se sim, retirem da planilha de vocês as quase 128 mil
pessoas, em média mensal, que usam esse serviço. Não repassem esse custo aos
meus amigos do Cidade Jardim, do São Cristovão, do São João, da zona rural” e
acudiu: “Mas como eu quero confiar na empresa, ela vai retirar esses gastos e,
com certeza, o CPA vai ter muito mais a ganhar do que os 15 centavos”,
assegurou.
Ministério Público
“Me parece que a ação foi combinada. Não
estou insinuando, mas alguma coisa estranha há nesse reino”
Antes
de encerrar seu discurso, Maurício Tutty sublinhou alguns trechos do parecer do
MP e da resposta da empresa ao judiciário, os quais teve acesso. “Eu pedi, na
semana passada que a Mesa Diretora tomasse alguma providência, porque, se temos
um órgão de controle importante dentro do sistema vigente, que deve pautar pelo
controle dos demais, como ele exara um parecer unilateral? Me parece que a ação
foi combinada. Não estou insinuando, mas alguma coisa estranha há nesse reino”,
evidenciou o pevista, alfinetando também a empresa de transporte coletivo.
Por
fim, acrescentou: “Eu quero dizer a todos que precisamos aprofundar as
discussões para chegar à tarifa zero e o fim do contrato da Princesa do Sul,
porque ela vai ter de provar para nós sua responsabilidade social, porque vai
ter de tirar de sua planilha os “custos” da gratuidade. Eu tenho muita tranquilidade
em trazer esses assuntos aqui e dizer a vocês: Fora, Princesa do Sul!”,
encerrou, reiterando sua nova luta.
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